3.6.09

A dinastia Júlio-Claudiana


Nero, último imperador da dinastia Júlio-Claudiana, ordenou o incêndio sobre a cidade de Roma.


Após o governo Otávio Augusto, as reformas políticas estabelecidas em Roma transformaram essa poderosa civilização em um império. As atribuições do Senado e os vários poderes das magistraturas agora foram restringidos ou subordinados ao poderio de seu imperador. Com a morte de Otávio, o sucessor do trono foi Tibério, general de confiança de seu antecessor, e que deu continuidade a vários projetos do primeiro imperador romano.

Segundo os relatos disponíveis, Tibério foi hostilizado pelo povo e pelo Senado romano. O ápice dessa tensão teria acontecido quando este fora acusado de arquitetar o assassinato do general Germanicus. Quando finalmente faleceu, já com 78 anos de idade, a população romana comemorou a sua saída do poder. Com isso, Calígula (37 - 41), filho de Germanicus, foi empossado como novo imperador, com o apoio expresso dos membros do exército.

Apesar de todo o apoio recebido, o imperador Calígula manifestou os problemas vivenciados em uma estrutura de poder centralizada. Paulatinamente, as ordens autoritárias desse governante desestabilizaram o cenário político romano. Primeiramente, resolveu perseguir os senadores mais ricos e elevar exacerbadamente os impostos. Além disso, era conhecido por uma vida desregrada onde festas e orgias eram bastante comuns.

Um dos mais polêmicos atos tomados por Calígula foi nomear seu cavalo, Iniciatus, para ocupar uma das vagas do consulado. Segundo o julgamento de alguns historiadores e especialistas, este imperador tomava este tipo de ação atípica em decorrência de males psíquicos que o acometiam. Em todo caso, sua ação despótica acabou sendo aniquilada pelos próprios membros da guarda pretoriana, que protagonizaram o seu assassinato.

A vaga deixada no trono imperial foi logo resolvida com a indicação de Cláudio (41 - 54), tio de Calígula, que ascendeu ao trono com o auxílio da guarda pretoriana. Durante sua administração, o Estado romano atingiu a conquista dos territórios da Bretanha e a Mauritânia, as normas administrativas foram aperfeiçoadas e escravos libertos de notório saber foram utilizados como seus auxiliares.

Apesar de sua habilidade político-administrativa, este imperador acabou provocando importantes mudanças no quadro sucessório do império. Primeiramente, ordenou o assassinato de sua esposa Messalina, por causa de seu comportamento imoral. Logo em seguida, casou-se com Agripina, que conseguiu barganhar com seu marido a indicação de seu filho Nero como o próximo imperador romano.

Tempos mais tarde, Agripina organizou um complô que assassinou Cláudio por envenenamento. Dessa forma, Nero atingiu o posto imperial e, inicialmente, contou com os conselhos do general Burro e do filósofo Sêneca para governar. Entretanto, Nero ficaria bem mais conhecido pelo seu comportamento tirânico. Ao que conta nos registros da época, foi ele o responsável pelo assassinato de sua mãe Agripina, de seus dois conselheiros (Burro e Sêneca) e do seu irmão Britânico.

Uma das mais polêmicas ações desse governante, que encerra a dinastia Júlio-Claudiana, foi a sua ordem de atear fogo na cidade de Roma. A explicação para tal ato extremo seria a intenção que Nero tinha em atribuir o atentado aos cristãos, que se recusavam a prestar adoração religiosa à figura imperial. Seu tempo de governo é reconhecido como um dos mais agressivos contra os seguidores do cristianismo.

Os cristãos eram perseguidos, torturados, empalados, condenados à crucificação e hostilizados nas arenas em que os espetáculos populares aconteciam. Exercendo um governo de natureza repressora e desenfreada, Nero logo despertou a insatisfação nas fileiras do exército e do Senado. Fortemente pressionado por seus opositores, Nero decidiu acabar com sua própria vida.