5.1.10

Dificuldade da Aprendizagem: As Relações da Família e da Escola

1. INTRODUÇÃO

Hoje muito se tem tratado das dificuldades de aprendizagem que os estudantes têm na escola, se questionam os motivos que levam as mesmas a fracassarem e o papel fundamental da família e da escola. O que ambas podem fazer para ajudar?

Pensa-se que a escola é um ambiente que a criança goste de estar que queira estar aprendendo, indo e interagindo com seus pares, mas por que então a escola, com tantas obrigações com seus alunos às vezes é uma das causas das dificuldades de aprendizagem?

Quais seriam os elos perdidos nestas relações da escola e da família na construção do sucesso ou do fracasso escolar do estudante frente as suas dificuldades de aprendizagem?

O objetivo deste artigo é discorrer sobre a dificuldade de aprendizagem, assim como demonstrando a importância destas relações subjetivas que acontecem na escola e família, considerando seus aspectos mais relevantes através de revisão de literatura.

Revisão de literatura sobre o tema proposto, em livros publicados e artigos de periódicos, revistas nacionais publicadas nos últimos oito (8) anos.

Embora as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições de incapacidade (por exemplo, deficiência sensorial, deficiência mental, perturbação emocional ou social) ou com influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, ensino insuficiente/inadequado, fatores psicogenéticos), ou ainda e especialmente, com um déficit de atenção, os quais podem causar problemas de aprendizagem, uma dificuldade de aprendizagem não é devida a tais condições ou influências.

Essas definições ampliam ainda mais as divergências e os diferentes olhares sobre a condição da não aprendizagem que não gera avanços quando os conceitos apenas servem para rotular o estudante, deveriam servir para investigar todas as influências que poderiam estar contribuindo para a dificuldade da aprendizagem.

As constituições das famílias modernas desde a mais pobre a mais rica economicamente atua em diferentes momentos frente à vida escolar dos seus filhos.

A difícil arte de conciliar trabalho, casa é ainda mais pesada, dando sérias conseqüências à dedicação aos filhos que acaba sendo prejudicada. As famílias desestruturadas, pouco compreendem ou tem percepção destes eventos de distanciamento entre seus pares, sentem, mais não compreendem.

Percebemos que neste difícil contexto a escola acaba tendo forte pressão e apelo social, pois a sociedade acaba incumbindo-a de educar a criança como “a família substituta”, é aquela que vai instruir dar valores, etc. Nesta situação surgem os noticiários mais bizarros, este aluno bater em professor, a serem estes vitima dos mesmos.

Perderam-se os papéis? Os pais estão se esquivando do seu papel fundamental devido o seu trabalho? Talvez estejamos construindo um novo panorama para a escola do século 21 que esta se modificando, ou seja, moldando a nova clientela que como no passado volta com seus dilemas à escola ainda é um espelho que reflete a realidade social, de toda uma sociedade.

Não se pode isentar a escola, nem a família, mas podemos criar um dialogo nesse sentido e sob esta perspectiva refletir sobre a ação de cada educador, da escola no sucesso escolar dos alunos.

Ensinar e conseguintemente aprender representa para o aprendiz um evento importante que esta ligada a sua vida como um todo.

A aprendizagem se torna então um veiculo de promoção social diante do seu grupo, diante do seu espaço de existência com respectivas conseqüências que podem refletir-se como numa espiral ascendente.

O que dizer então quando o sucesso escolar não ocorre? O que fazer? O papel da escola, no mundo de hoje, não esta somente em oferecer elementos para ampliar as possibilidades do educando, mas principalmente de trabalhar com articulação entre o os três elementos: família, criança e escola. Trazer estes eventos ativos para serem refletidos nas necessidades do aluno é procurar promover uma atuação efetiva e eficaz que pode ajudar a repensar práticas e ações.

2. Atuação da família e da escola no aspecto social dentro do contexto escolar

Como as famílias lidam com a dificuldade de aprendizagem do filho na escola? E como compreendem o que seja aprendizagem?

Segundo WEISS (1999, pag. 87) que comenta:

(...) a aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. “Quando começam a aparecer dissociações de campo e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo”.

Embora saibamos muito sobre o aluno mais se não atuarmos de maneira integrada na tentativa de melhorar a vida escolar do aluno que esta tendo a dificuldade de aprendizagem que pode ser simples ou não.

A política educacional prioriza a educação para todos e a inclusão de alunos que, há pouco tempo, eram excluídos do sistema escolar, por terem deficiências físicas ou cognitivas; porém, um grande número de alunos, que apresentaram dificuldades de aprendizagem e que estavam predestinados ao fracasso escolar pôde freqüentar as escolas e eram rotulados em geral, como alunos difíceis.

É muito pouco provável que as dificuldades de aprendizagem tenham origens apenas cognitivas. Dizer ao próprio aluno é o responsável pelo seu fracasso, considerando que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, ou emocional (conversa muito, é lento, não faz a lição de casa, não tem assimilação, entre outros.), desestruturação familiar, sem considerar, as condições de aprendizagem que a escola oferece a este aluno e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem na escola podem ser consideradas uma das causas que podem conduzir o aluno ao fracasso escolar. Não podemos desconsiderar que o fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há muitas maneiras de aprender.

O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos, mais fortes e positivos.

O aluno, ao perceber que apresenta dificuldades em sua aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc. a criança entra sem que saiba ao certo em estado de sofrimento e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria.

Durante muitos anos os alunos foram penalizados, responsabilizados pelo fracasso, sofriam punições e críticas, mas, com o avanço da ciência, hoje não podemos nos limitar a acreditar, que as dificuldades de aprendizagem, seja uma questão de vontade do aluno ou do professor, é uma questão muito mais complexa, onde vários fatores podem interferir na vida escolar, tais como os problemas de relacionamento professor-aluno, as questões de metodologia de ensino e os conteúdos escolares.

Se a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos ou somente da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade de acionarmos a família, e se o problema estivesse apenas relacionado ao ambiente familiar, não haveria necessidade de recorremos ao aluno isoladamente.

A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou incapaz. Se o professor tratá-lo como incapaz, não será bem sucedido, não permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento. Se o professor mostrar-se despreparado para lidar com o problema apresentado, mais chances terão de transferir suas dificuldades para o aluno.

Os primeiros ensinantes são os pais, com eles aprendem-se as primeiras interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa. Estas relações, já estão constituídas na criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no poder de produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma relação positiva de cooperação, de alegria e motivação.

Torna-se necessário orientar tanto a família, o professor e a escola, para que juntos, possam buscar orientações para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado.

Segundo BARBOSA (2007 pag. 45) algumas ações dos pais como a escola podem melhorar significativamente a vida escolar do seu filho como:

1. Estabelecer uma relação de confiança e colaboração com a escola;

2. Escute mais e fale menos;

3. Informe aos professores sobre os progressos feitos em casa em áreas de interesse mútuo;

4. Estabelecer horários para estudar e realizar as tarefas de casa;

5. Sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos estudos;

6. Desenvolver estratégias de modelação, por exemplo, existe um problema para ser solucionado, pense em voz alta;

7. Aprenda com eles ao invés de só querer ensinar;

8. Valorize sempre o que o seu filho faz, mesmo que não tenha feito o que você pediu;

9. Disponibilizar materiais para auxiliar na aprendizagem;

10. É preciso conversar, informar e discutir com o seu filho sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.

O principal desafio que tem os pais e professores que trabalham com crianças que apresentam dificuldades é ajudá-las a ter confiança em si mesma, acreditar que são capazes. Devemos compreender que as pessoas aprendem de diferentes modos, em tempos também desiguais. Por isso, os professores e a família têm uma grande responsabilidade, pois devem perceber detectar o problema, e saber como intervir, estimulando a criança a aprender com seus erros.

Mas há um grande contraponto neste mundo de intervenções que a escola e família promovem focando nas dificuldades da criança é que se esquece que das habilidades, dos talentos e do potencial destas crianças, desvirtuando do problema poderíamos conquistar outro lado ainda pouco explorado. O individuo é o todo e não partes... Por que fragmentá-lo?

Como já foi dito o primeiro núcleo de relações da criança é a família, é nela que desenvolvemos o caráter, limites e contratos de boa convivência. Depois disso, ela vai à escola, que será um novo ambiente que ira ajudar a torná-la um cidadão.

A família é destinatária invariável do sucesso ou do fracasso escolar da criança e quando estas sentem que seu filho não consegue adquirir o conhecimento escolar é irreal esperar que essas mães e pais compreendam a construção do conhecimento necessário para conseguir a aprendizagem, mas a escola pode fazer com que os pais se sintam bem no ambiente escolar; é preciso que saibam que a escola lhes pertence e que está disposta a ajudar.

É necessário lidar com sensibilidade com esses pais e entender o significado que a escola tem para as famílias das classes trabalhadoras; que experiências escolares os adultos tiveram na infância? Como estão sendo tratados nas vezes em que comparecem à escola de seus filhos? Por exemplo, como costumam ser as reuniões de pais e mestres?

A escola acaba sendo uma segunda família, pois é onde a criança faz amigos travam no relacionamento diferenciado com os professores que para eles assumem o papel de pais.

É neste ambiente que aprendemos noções sobre cidadania e respeito das diferenças. A família também deve procurar marcar presença e participar ativamente da vida do filho no ambiente escolar

Por isso a escola deve procurar as inclinações sociais em que esta inserida para que os professores possam debater maneiras de tentar superar todas essas dificuldades e conflitos, pois percebem que se nada for feito em breve não se conseguirá mais ensinar e educar.

Todavia, as discussões sobre os problemas da escola vêm sendo realizadas apenas dentro da escola, envolvendo somente as direções, coordenações e grupos de professores. Em outras palavras, a escola vem aos poucos assumindo a maior parte da responsabilidade pelas situações de conflito que nela são observadas.

A ausência dos pais é sempre justificada pela falta de tempo sendo um dos principais argumentos utilizados para justificar, atualmente, as deficiências e lacunas na educação dos filhos. Eles alegam que saem cedo para o trabalho e ficam fora durante todo o dia.

Dentro deste novo cenário vem às mudanças que vieram rápido demais, incluindo-se as novas tecnologias, acesso à informação, assimilação da mulher no mercado de trabalho e estímulo à sociedade de consumo.

É necessário que no contexto escolar se busque compreender, conhecer, considerar o ambiente onde a criança vive com sua família para compreender o que ocasiona também a sua dificuldade de aprendizagem focando nas suas possibilidades de conseguir o sucesso escolar desde que seja uma ação conjunta envolvendo todos os atores desta situação.

Observa-se também que a equipe pedagógica da escola tem pontos de vista comuns com os das famílias no que diz respeito à educação. A troca de experiências é fundamental. A parceria entre pais e escola, quando está afinada, pode contribuir para a formação cidadã dos alunos e solidificar a construção dos conhecimentos.

O objetivo não é que apenas os professores ensinem e os alunos aprendam, mas que toda a comunidade educativa – professores pais e alunos – participe do processo de aprendizagem, estabelecendo uma nova relação entre a escola e a família.

É necessário oferecer um ambiente que favoreça a participação e a relação entre os professores e os alunos e os alunos entre si. Certamente são muitos os desafios para a educação na atualidade, tem que ir além da busca de alternativas para superação das dificuldades de aprendizagem, que estão presentes em sala de aula, o repensar das práticas pedagógicas dentro das instituições e o resgate do papel da família dentro desse processo.

Nesse intuito é necessário promover um ambiente que favoreça a participação e a relação entre os professores e os alunos e os alunos entre si.

Certamente são muitos os desafios para a educação na atualidade, portanto é necessário além da busca de alternativas para superação das dificuldades de aprendizagem, que estão presentes em sala de aula, o repensar das práticas pedagógicas dentro das instituições e o resgate do papel da família dentro desse processo.

CONCLUSÃO

Diante das situações de desafio que a criança aprende a construir seus conhecimentos que devem ser desbloqueados dentro das possibilidades tanto da família, como da escola.

Entender estes anseios da escola como um pilar do conhecimento e saber cultural de um povo que tem por finalidade ofertar ao individuo todo este cabedal de historia faz com que ela se coloque em dados momentos inquisitora do aluno que não alcança este primor, mas a põe diante de um dilema crucial incluir ou excluir o diferente?

A relação destes dois contextos se interpõe e se conflita na tentativa de se achar um denominador comum que venha beneficiar o aluno.

Precisamos modificar metodologias, idéias e desmistificar o medo ao novo, ao diferente procurando dentro de conhecimentos inovadores a cultura do sucesso deste aluno.

Se o aluno for estimulado a desenvolver suas potencialidades, suas habilidades indo de encontro ao seu sucesso escolar são de grande valia seu estudo.

A dificuldade de aprendizagem deve apontar estratégias que possam possibilitar um bom rendimento do aluno partindo de uma investigação junto à família e também ao seu contexto escolar, desde suas relações com colegas, professor e das metodologias adotadas dentro das práticas escolares, uma vez que esta relação não se dá no vazio.

Existe um contexto de nuances variado que vai desde o espaço físico de sala de aula até o mundo extra-escolar.

A escola precisa buscar não somente os seus interesses, mas que descubra nas suas características e resistências mecanismos para não culpar a criança pelo seu fracasso escolar.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARBOSA, L. M. S. A Evolução da escrita na humanidade e o processo de aquisição da linguagem escrita. Campinas: Material digitado e apostilado, 1987.

DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São Paulo, Ed. Cortez, 1991.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler.15ª edição. São Paulo, Ed. Cortez, 2007.

_______ Paulo. Educação como Prática da Liberdade – 11ª edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.

WEISS, Maria Lúcia R. A Informática e os Problemas Escolares de Aprendizagem. Rio de Janeiro: Ed. DP&A, 1999.


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