27.11.10

Alexandre, O Grande

Em julho de 356 a.C., o filho de Olímpia e do rei Felipe II da Macedônia nasceu, na mesma época em que seu pai empreendia importantes vitórias militares. Inspirado por tal eventualidade e aconselhado por seus sacerdotes, Felipe II resolveu nomeá-lo Alexandre, que significa “o vencedor de heróis”. Com o passar do tempo, o adjetivo dado àquela criança foi confirmado com o surgimento de um dos maiores conquistadores de toda a Antigüidade.

Segundo o biógrafo, Plutarco de Queronéria, Alexandre sempre demonstrou um comportamento impetuoso e marcado pelo interesse em grandes realizações e honrarias. Quando jovem era um exímio atleta, chegando a ser indicado para participar dos Jogos Olímpicos. No entanto, o grande esportista também tinha forte inclinação para o mundo da música, da poesia e da tragédia. Esse seu lado sensível o inclinava a ver com desdém o caráter despótico e opressor com que seu pai dominava os povos estrangeiros.

A futura capacidade de liderança de Alexandre foi comprovada em um incidente envolvendo um garboso e irrequieto cavalo chamado Bucéfalo. Este animal foi oferecido a um alto preço a seu pai, que recusou-o por conta de sua natureza arisca. Repudiando a decisão do pai, apostou o valor do animal caso conseguisse montar e guiar o impetuoso cavalo. Ao conseguir montar o animal, Filipe II percebeu o caráter singular de seu filho e, sem perder tempo, contratou o filosofo Aristóteles para educá-lo.

O tempo de aperfeiçoamento com o célebre pensador grego foi seguido pelas primeiras experiências militares de Alexandre. Em 340 a.C., com apenas 16 anos, assumiu o trono macedônico temporariamente enquanto seu pai se ocupava em guerras. Dois anos depois, comandou com destreza os exércitos que lutariam contra as cidades gregas de Atenas e Tebas. Com essas vitórias, o Império Macedônico conquistou importantes regiões da famigerada Grécia.

Depois da morte de seu pai – assassinado pelo tio de sua esposa Cleópatra – Alexandre aproveitou do prestígio junto aos exércitos macedônios para declarar sua nova condição de Rei da Macedônia. No ano de 335 a.C., seguindo uma tradição perpetuada pelos gregos, Alexandre foi consultar os ídolos e sacerdotes e sensitivos sobre o seu futuro enquanto rei. Depois de receber dois sinais positivos em Delfos e Lebetra, o novo rei organizou um exército com milhares de soldados.

Fascinado pela idéia de que era descendente do herói grego Aquiles, Alexandre homenageava seu admirado na medida em que conquistava novas terras. Na Batalha de Issos, deflagrada em 1º de novembro de 333 a.C., Alexandre passou a conhecer a exuberante cultura material do povo persa. No momento em que conquistou os palácios do rei persa Dario, o imperador Alexandre – em sinal de respeito – não tomou para si a mulher ou as filhas do rei derrotado.

A atitude amistosa de Alexandre em relação aos povos conquistados rendeu-lhe impressionante admiração. Na corte de seu reino, diversos membros da administração pertenciam ao mundo oriental. No entanto, sua postura compreensiva despertava a desconfiança e o ódio de alguns nobres macedônios. Em dado momento, Clitus – um dos seus fiéis guardiões – foi morto por Alexandre por dizer que o rei se esquecia dos costumes de seu povo.

Mesmo sendo alvo de tantas críticas, Alexandre não hesitou em fortalecer a aliança com os persas ao desposar a princesa oriental Roxane, em 327 a.C.. O gesto realizado pelo imperador macedônico inspirou diversos de seus generais e soldados a tomarem essa mesma atitude, selando a fusão entre os mundos grego e asiático. No ano de 324 a.C. uma grande festa de casamento uniu vários membros da nobreza macedônica às filhas da elite persa. Na mesma ocasião, Alexandre casou-se com mais duas princesas persas.

Em meio às suas conquistas e viagens, Alexandre, O Grande, convivia com o deleito de grandes banquetes e o ardil de seus inimigos. A primeira de suas perdas aconteceu quando Heféstion, seu mais fiel companheiro, morreu tomado por febre. Inconsolável, o rei organizou violentos ataques contra os povos que resistiam à dominação macedônica. Esse período ficou conhecido como o “sacrifício dos funerais de Heféstion”. Logo em seguida, outros maus presságios acometeram Alexandre.

Durante o período em que se dirigia à Babilônia, um dos generais de Alexandre encontrou um fígado para sacrifícios desprovido de lóbulo. Em outra situação, a diadema de Alexandre caiu no mar e um desconhecido ousou sentar-se em seu trono. Tais eventualidades, para o supersticioso Alexandre, eram interpretadas como presságios de morte ou derrota. Ainda sim, o ambicioso rei continuava a conduzir impetuosamente suas grandiosas obras e conquistas militares.

No dia 3 de junho de 323 a.C., Alexandre começou a sentir uma forte febre que o atingira logo depois de um grande banquete. Ao longo dos dias, seu estado febril aumentou vertiginosamente, obrigando-o a seguir viagem carregado em uma esteira. Dez dias depois, o glorioso rei macedônico não resistiu à sua agonizante situação física. Por conta de seus inimigos, alguns levantaram a suspeita de que o jovem conquistador teria sido vítima de um complô político. No entanto, uma das hipóteses mais aceitas indica que ele teria contraído malária.

O corpo de Alexandre foi levado à capital do Império Macedônico, Aigiai. Logo em seguida, Ptolomeu cuidou dos preparativos para que o corpo de Alexandre fosse sepultado em uma imponente construção localizada na cidade egípcia de Alexandria. Com o fim do governo de Alexandre, o império foi alvo da disputa de ambiciosos generais, que esfacelaram a unidade político-territorial em favor de suas próprias ambições. O esfacelamento permitira o fim de toda a conquista realizada por este singular militar e estadista.

Por Rainer Sousa
Fonte: Brasil Escola