16.2.11

ANTONIETA DE BARROS (1901-1952)




Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901.Era filha de Catarina e Rodolfo de Barros. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.

Antonieta teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres, e, mais ainda, para uma mulher negra.

Em 1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido por ela até sua morte e fechado em 1964.

Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período, por meio de suas crônicas, ela veiculava suas idéias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, ela escreveria o livro Farrapos de Idéias, em 1937.

Lecionou, ainda, em Florianópolis, no Colégio Coração de Jesus, na Escola Normal Catarinense e no Colégio Dias Velho, do qual foi diretora no período de 1937 a 1945.

Enérgica, correta, honesta e humana, gozava de alto conceito entre os alunos que a respeitavam e admiravam, principalmente, pelo espírito de justiça da educadora que a todos amava e acolhia “sem distinguir”.

Ainda nos anos 20, deu início às atividades de jornalista, criando e dirigindo em Florianópolis o jornal A Semana, mantido até 1927. Três anos depois, passou a dirigir o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade.

Na década de 30, manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) como revela a correspondência trocada entre ela e Bertha Lutz, hoje preservada no Arquivo Nacional.

Foi professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou. Antonieta continuou ensinando até o fim de sua vida.

"Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar, sem muletas e sem tropeços; é transportar às almas que o Senhor nos confiar, à força insuperável da Fé."

Antonieta de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Na primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada estadual (1934-37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.


Com a queda do Estado Novo foi também a primeira mulher a participar do Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do país , concorreu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a primeira suplência pela legendado Partido Social Democrático (PSD). Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Na ocasião, continuou lutando pela valorização do magistério: exigiu concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugeriu formas de escolhas de diretoras e defendeu a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos carentes. Assumiu a vaga na Assembléia Legislativa em 1947 e cumpriu seu mandato até 1951.

Esteve entre os deputados que se asilaram no quartel do 14º Batalhão de Caçadores, para garantir a eleição do Dr. Nereu Ramos à governança do Estado.

Usando o pseudônimo literário de Maria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de idéias.

"Aprender como o amor e dedicação ao trabalho, a perseverança na concretização de um ideal são fatores válidos e decisivos na realização das criaturas."

Queria ser professora e o foi plenamente, sendo considerada uma das melhores educadoras do seu tempo. Deus lhe deu força de vontade e sabedoria bastantes para nulificar os complexos de casta e/ ou de cor que pudessem perturbá-la, prejudicando-lhe a ascensão. E venceu em sua própria terra. E a maldade dos medíocres não prevaleceu contra o seu extraordinário destino. Na verdade, abriu o próprio caminho e soube cristalizar suas qualidades de educadora, dando a Santa Catarina o melhor de sua inteligência, para a educação da juventude. Dela, poder-se-ia dizer que foi “operária de si mesma”. Projetou-se no seio da comunidade catarinense como professora, escritora, jornalista e política.

Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas idéias dentro de um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da população mais carente.

Faleceu aos 51 anos de idade, a 28 de março de 1952. Seu enterro foi uma verdadeira consagração.