26.5.11

BLOCOS ECONÔMICOS MUNDIAIS

A partir principalmente da década de 80, o capitalismo conheceu um processo de aceleração sem precedentes que passou a definir a nova tendência do mundo atual: a globalização da economia.
Desde a sua origem, o capitalismo caracterizou-se por ser um sistema em que a interdependência econômica e política entre as nações constituiu um elemento fundamental para o seu funcionamento.
A análise de sua evolução é a análise do aprofundamento das relações internacionais, na medida em que o desenvolvimento técnico concomitantemente permitia e impunha a necessidade de ampliação do mercado externo aos países que haviam atingido um certo grau de desenvolvimento econômico. O capitalismo sempre foi um sistema que promoveu relações entre as diversas regiões do planeta, integrando-as — muitas vezes à forca, por meio do colonialismo – à sua racionalidade econômica.
A globalização da economia é a expressão máxima do processo de mundialização das relações entre as nações, ao mesmo tempo em que representa a mudança na concepção do papel dos Estados Unidos nacionais. A formação dos Estados nacionais tinha como pressuposto uma unidade territorial, comandada por uma autoridade política única e integrada por uma economia de base nacional.

O COMEÇO

A destruição da Europa durante a Segunda Guerra Mundial selou o fim da hegemonia que o continente havia conquistado nas relações internacionais. A economia européia estava totalmente desorganizada e mergulhada nos problemas internos de sua reconstrução. O desmoronamento não atingiu apenas a Alemanha e a Itália, países derrotados que, alem da destruição de seus territórios, viram-se despojados de qualquer soberania. Os vencedores europeus não se encontravam em melhor situação. Perderam boa parte dos parceiros comerciais e estavam endividados. As cidades e os campos agrícolas estavam destruídos. O panorama era constrangedor às tradicionais lideranças da economia capitalista.
Incapaz de assegurar o seu próprio destino, de articular um sistema de defesa e de restaurar a sua economia sem ajuda externa, a Europa viu-se obrigada a enquadrar-se em uma nova ordem mundial, cuja liderança seria disputada pelas potências de fato vitoriosas: os Estados Unidos e a União Soviética.

AS NOVAS POTÊNCIAS

Enquanto a guerra fria seguia sua trajetória, com um envolvimento cada vez maior das duas grandes potências que se elegeram “guardiãs do mundo’, outros países desenvolviam-se tecnologicamente, de forma bastante acelerada. Em diversos setores industriais conquistavam fatias expressivas no mercado internacional e ganhos de produtividade superiores aos dos Estados Unidos. Entre eles, os que tiveram maior crescimento, nesta metade do século XX, foram justamente os dois grandes derrotados na Segunda Guerra Mundial; o Japão e a ex – Alemanha Ocidental.· Em 1970 o PNB dos EUA era 5 vezes superior ao PNB do Japão. Atualmente essa diferença não chega a atingir o dobro. Como a população japonesa corresponde praticamente, à metade da americana, a comparação entre a renda per capita dos dois países é favorável ao Japão.·EVOLUÇÃO DO PNB PER CAPTA NOS EUA, JAPÃO E ALEMANHA·1970 – 1994”.

EUA
JAPÃO
ALEMANHA

PNB 1
PNB per capita 2
PNB 1
PNB per capita 2
PNB 1
PNB per capita 3

1970
1.015
4.949
201,8
1.940
173,5
2.860

1980
2.732
11.998
1.152,6
9.870
821,30
13.340

1993
6.379
24.732
3.869,6
30.981
1.725,5
21.414

1994
6.638
25.572
4.651,1
37.179
2.041,5
25.018

1 Em bilhões de dólares Fonte: Létat du Monde. 1995 e 1996
2 Em dólares
3 Os dados de 1970 e 1980 referem-se apenas à
República Federal da Alemanha. Os dados de
1993 e 1994 são da Alemanha Unificada.
No mesmo período, a evolução da economia alemã também foi superior à americana. Além disso, a Alemanha mantém uma grande diversificação de seus parceiros econômicos e é o pais que mantém o maior volume de transações comerciais no mundo atual, depois dos EUA. Esse fato torna sua economia menos vulnerável que a japonesa. O Japão destina aos Estados unidos grande parte de suas exportações, o que torna seu mercado externo muito dependente do consumidor americano.
BALANÇAS COMERCIAIS DOS EUA, JAPÃO E ALEMANHA EM 1994
(BILHÕES DE DÓLARES)

EUA
Japão
Alemanha

Exportações
512,4
395,6
422,3

Importações
633,8
274,4
376,6

Saldo Comercial
- 121,4
121,2
45,7

OS TIGRES ASIÁTICOS

A partir da década de 80, os países do Pacífico começaram a apresentar altos índices de crescimento mundial e interferência no mercado mundial, sendo por isso designados como tigres asiáticos e dragões asiáticos.
Os termos lembram agressividade e é exatamente essa característica fundamental dos quatro países que formam esse grupo: Coréia do Sul, Taiwan (Formosa), Cingapura e Hong Kong. Eles utilizaram estratégia arrojada de atração de capital estrangeiro – apoiada na mão-de-obra barata e disciplinada, na isenção de impostos e nos baixos custos de instalação de empresas.
A imensa e ininterrupta expansão da economia japonesa foi decisiva para criar um dinâmico mercado em toda a área circundante do Pacifico. O Japão atuou não só como estímulo, mas também como exemplo.
O crescimento mais marcante foi o apresentado pela Coréia – um dos mais pobres país em desenvolvimento – que se transformou numa semi-industrializada nação de renda média. O progresso de Taiwan seguiu o mesmo rumo.
A transformação começa como a do Japão – uma bem sucedida reforma agrária, seguida de um aumento rápido da renda dos fazendeiros, que criou um mercado local para novas fábricas. No final da década as exportações chegavam a 90% do PNB (produto nacional bruto) – a maior proporção do mundo – ; o índice de crescimento era de 12%, a despeito da recessão; a população tinha um alto nível de alfabetização e a economia girava em torno da construção naval, produtos têxteis, petroquímicos r equipamentos elétricos.
O crescimento mais notável ocorreu principalmente na economia de entrepostos. Hong Kong, graças à economia de mercado puro e, apesar de sobrecarregada pelas desvantagens do colonialismo (continuou sendo colônia da Coroa Britânica), elevou sua renda per capita para cerca de seis vezes mais que a da China continental.

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Após a Segunda Guerra Mundial, a idéia econômica assentada em um economia supranacional começou a ganhar forca na Europa. Diante de concorrerem isoladamente com os Estados Unidos, o novo gigante que havia emergido, os países europeus formaram uma série de alianças com o objetivo de reestruturar, fortalecer e garantir a competitividade de suas economias. Várias associações econômicas foram criadas na Europa.
O Benelux foi o grande precursor das diversas alianças posteriormente formadas. Criado em 1944, integrou a economia da Bélgica, da Holanda e de Luxemburgo num único mercado.
Em 1952, a Ceca (Comunidade Européia de Carvão e Aço), formada por seis países europeus – Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Itália -, estabeleceu um mercado siderúrgico comum, ao promover a livre circulação de matérias – primas e mercadorias ligadas à industria siderúrgica, com o objetivo de reestruturar e acelerar o desenvolvimento da industria de base. Os países – membros da Ceca ampliaram os objetivos dessa organização e criaram a mais eficiente aliança econômica entre países do mundo moderno: a CEE (Comunidade Econômica Européia), em 1957.

A UNIÃO EUROPÉIA

A CEE, desde a sua criação, traçou a realização de um grande objetivo econômico a ser colocado em prática a médio prazo, baseado em quatro princípios fundamentais: a livre circulação de mercadorias, de serviços, de captais e de pessoas, entre todos os países – membros da organização.
Entretanto, a efetivação de tais princípios só veio acontecer mais recentemente. O aprofundamento da competitividade no mercado internacional nas ultimas décadas do século XX., o desenvolvimento de novas tecnologias de produção e a entrada de novos competidores, disputando fatias cada vez mais expressivas do comércio mundial, sinalizaram à CEE a necessidade da concretização de seus objetivos originais. Isso ocorreu em 1º de Janeiro de 1993, quando as fronteiras entre os antigos membros dessa comunidade foram abolidas e a CEE foi substituída pela UE ( União Européia ), a maior comunidade econômica mundial atual.
O projeto da Europa unificada é extremamente arrojado. Tem em perspectiva a criação de um sistema de defesa comum europeu, independente da OTAN, e a criação de uma moeda única, Unidade Monetária Européia, o Euro. A adoção do Euro eliminará os custos do câmbio, ou seja, o custos da troca de moedas, existentes nas transações comerciais.
A UE, formada pelo Tratado de Maastricht, constituiu um governo comunitário com seis instituições básicas, responsáveis pelas decisões a serem seguidas por todos os países da Europa unificada. Entre as instituições mais importantes, destacam-se:
o Conselho de Ministros – formado pelos ministros do Exterior de cada país, estabelece as linhas gerais das políticas econômicas e sociais a serem adotadas no âmbito da comunidade;
a Comissão Européia – formada por membros apontados pelos países integrantes da Europa unificada, tem função executiva. Coloca em prática as decisões do Conselho de Ministros;
o Parlamento Europeu - formado por deputados eleitos diretamente em cada um dos países, tem função legislativa. No Parlamento, são votadas questões orcamentárias e são controladas as decisões tomadas no conselho de Ministros e na Comissão Européia.

O NAFTA

Vários projetos de economias supranacionais começaram a ser esboçados na década de 90, fortalecendo a tendência de alianças econômicas regionais.
Em 1994, EUA, Canadá e México deram os primeiros passos rumo à formação de um economia supranacional, com a criação do NAFTA ( Acordo de Livre Comércio da América do Norte ). Juntos, formam um mercado de aproximadamente 380 milhões de habitantes e respondem por um PIB de 7 bilhões de dólares. O acordo prevê a criação de uma zona de livre comércio, onde a abolição total das tarifas aduaneiras só será colocada em prática no ano 2015. Entretanto, uma grande quantidade de produtos já circulava livremente entre os três países sem nenhuma taxação.
A grande diferença socioeconômica entre México e os outros dois países do Nafta é o maior empecilho para a formação de um mercado único nos moldes da UE. Além disso, a unificação desse mercado suscita muitas incertezas e preocupações, tanto nos Estados Unidos como o México.
O maior temor dos sindicatos norte – americanos e que ocorra transferencia de industrias dos Estados Unidos para o México, pela mão de obra mais barata o que causaria grande desemprego nos EUA.
Os mexicanos acreditam que o fácil intercâmbio comercial entre os três países levará vários setores à falência devido a menor tecnologia mexicana . Outros acham que o Nafta aumentará a automação e robotização de várias atividades industriais e de serviços, aprofundando, conseqüentemente, o problema do desemprego.

APEC

A Apec ( Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico ) foi fundada em 1989. Constituía-se, inicialmente, por países asiáticos (Japão, Taiwan, Coréia do Sul, Malásia, etc ) e por países da Oceania (Austrália e Nova Zelândia). Atualmente é um bloco bastante heterogêneo, tendo como integrantes inclusive países americanos (Estados Unidos, Canadá, México e Chile). A Apec estabeleceu a meta de unificar totalmente seu mercado no ano de 2020. Em 1996 o conjunto de seus associados era responsável por 46% do comércio exterior, 56% da produção econômica e 37% da população mundial.
APEC

PAÍS
Taxa de crescimento econômico ( % em 93)

Austrália
3,2

Brunei
1,0

Canada
1,8

Chile
6,0

Hong Kong
5,5

Indonésia
6,6

Japão
0,0

Coréia do Sul
5,5

Malásia
8,5

México
0,4

Nova Zelândia
4,8

Papua Nova Guiné
10,1

Filipinas
1,7

Cingapura
9,9

Taiwan
6,1

Tailândia
7,8

EUA
3,1

Fonte; Folha de São Paulo . 10 de marco 1996.

ALCA

Em 1994, na cidade de Miami, EUA, iniciaram-se as negociações para a criação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que reunirá 34 países, ou seja, todas as nações do continente americano, exceto Cuba (PIB total: cerca de 9,3 trilhões de dólares em 1997). Desde então reuniões denominadas Encontros das Américas passaram a ser realizados anualmente.
O encontro de 1977 ficou marcado pelo empasse na data para a implementação da ALCA: os EUA queriam que fosse ainda no século XX ; já os países do Mercosul querem esperar até 2005. Os EUA querem a extinção de todos os acordos existentes ( Nafta, Mercosul, Pacto Andino, etc ) assim que Alca estiver criada, já os outro querem sua manutenção.

A REORGANIZAÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL

Existem hoje pelo menos três grandes pólos de desenvolvimento econômico e tecnológico, cada um deles formado por um bloco de países. Assim sendo, o mundo bipolar (EUA X URSS), que desde o final dos anos 70 foi abalado pela crise dos países socialistas ao fim da Guerra Fria e pela progressão de novas potências, foi substituído por um mundo multipolar.
Cada um desses três grandes centros ou blocos econômicos, tem áreas de maior influencia. No entanto essas áreas muitas vezes coincidem. É o caso do Oriente Médio, que por sua localização e reservas de petróleo, relaciona-se com todos os blocos, apesar de receber maior influencia dos EUA. Os principais blocos de poder econômico do mundo são:
Bloco americano: Liderado pelos EUA. As principais zonas de influencia deste bloco econômico são o continente americano e parte do Oriente Médio.
Bloco europeu: Liderado pela UE, principalmente pela Alemanha, estende sua área de influencia ao leste Europeu, a parte do Oriente Médio e ao norte da África.
Bloco do Pacifico: Liderado pelo Japão e muito bem estruturado pelos tigres asiáticos, abrange uma vasta área da Ásia e da Oceania (Austrália e Nova Zelândia) .

AMERICANO
referência monetária:
dólar (EUA)
área de projeção econômica:
América Latina e parte do Oriente Médio

EUROPEU
referencia monetária:
euro
área de projeção econômica:
Leste europeu, norte da África e parte do Oriente Médio

PACIFICO
referencia monetária: iene (Japão)
área de projeção econômica:
Cinturão do Pacifico, China, Austrália e Nova Zelândia.

CONCLUSÃO

O conjunto de todas essas mudanças indica a estruturação de uma economia globalizada. O crescimento do comércio internacional nas últimas décadas atingiu níveis sem precedentes. Não se trata apenas de mercado mundial em expansão, como foi a tendência do sistema capitalista desde a sua formação. O que caracteriza este final de milênio é a formação de uma economia mundializada que, contraditoriamente, tem despertado o sentimento étnico e nacionalista em diversas regiões do mundo.
Num mundo em que a disputa por mercados tem sido a tendência apontada para o próximo milênio, a superioridade militar dos EUA, frente a qualquer outro país do planeta, não é tão relevante como nos tempos da guerra fria. Os grandes combates que se estão delineando neste final de milênio ocorreram pelas disputas de mercado.
As disputas territoriais, a rebelião de minorias étnicas e nacionais pela autonomia e, consequentemente, a redefinição de novas fronteiras entre países, com certeza não desaparecerão. As disputas por fontes de matérias primas industriais e outros recursos naturais terão ainda grande importância, em varias regiões do planeta. Entretanto, os países que estão na linha de frente da economia e da política mundiais terão seus esforços concentrados no desenvolvimento de novas tecnologias e na ampliação do comércio internacional.

II MERCOSUL

Introdução

Nos últimos anos, as transformações de diversos sistemas econômicos e o dinamismo do processo evolutivo da economia mundial nos mostraram que a tendência das revelações econômicas na década de 90 será a consolidação do processo de globalização dos mercados.
O processo de integração entre os países que compõem o Grupo Andino (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) tomou impulso a partir de dezembro/90, quando foi estabelecido um cronograma para a implementação de instrumentos de liberação comercial e de integração econômica. Existem, no entanto, algumas tendências de fragmentação do Grupo Andino – um exemplo é a Bolívia, que vem buscando fórmulas de vinculação ao Mercosul.
A criação do Mercosul também faz parte de um processo evolutivo dos países da América, que vêm procurando se desvincular das políticas protecionistas para se adaptar a uma difícil convivência internacional, baseado na eficiência e na competitividade. Sua integração deveria se dar em torno do Brasil – a maior economia dos quatro países -, mas a dificuldade de uma estabilização auto-sustentada da economia brasileira dificulta o processo.

A ORIGEM DO MERCADO COMUM DO SUL

Tornou-se lugar comum considerar os anos 80 como sendo a década perdida para a economia latino-americana. Esgotou-se o processo de substituição das importações que esteve na raiz do desenvolvimento da economia da América Latina sem se poder vislumbrar com clareza a nova inserção internacional da região.
Indicadores sociais em acentuada queda constratando com o contínuo crescimento demográfico, altas taxas inflacionárias, crise do estado que se mostra incapaz de continuar a investir em programas sociais e de infra-estrutura, crescimento desmedido da dívida interna e externa tornando a América Latina exportadora de capitais, queda de 12% para 4% da participação da região no comércio internacional, são algumas das evidencias da crise da economia latino-americana.
A situação é ainda mais grave na medida que sua economia tem demonstrado competência na produção de bens que não se incluem no rol dos mais dinâmicos. Produtos com alto índice tecnológico não é prioridade na produção, o que torna o quadro ainda mais dramático quando comparado com o que ocorre no sudeste asiático.
Isto tudo favoreceu o resgate das idéias elaboradas pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) das Nações Unidas, na década de 50, onde se pregava a aproximação das economias latino-americanas para buscar maior eficiência e melhor utilização de seus recursos materiais, financeiros e econômicos. Neste contexto, os governos da Argentina e do Brasil decidem, pela primeira vez na história, por uma aproximação que marca a evolução política e econômica no Cone Sul.
Em 26 de marco de 1991, foi assinado um acordo, que visava a constituição de um mercado comum entre a República Federativa do Brasil, a República Argentina, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai, denominado de Tratado de Assunção.
Os princípios básicos desse acordo, dizem respeito a ampliação das atuais dimensões de seus mercado nacionais; à aceleração dos seus processos de estabilização econômica com justiça social; ao aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis; ao desenvolvimento cientifico e tecnológico; à preservação do meio ambiente e à adequada inserção internacional.
Na sua essência, o Tratado de Assunção cuida do compromisso dos quatro países de formar uma zona de livre comércio fixando, de forma genérica e superficial, os parâmetros básicos para o objetivo final, previsto para 31 de dezembro de 1994: o MERCOSUL.

PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DO MERCOSUL

O compromisso assumido pelos quatro países para a implementação do Mercosul incluiu os seguintes elementos:
livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os participantes;
estabelecimento de uma tarifa externa e de uma política comercial comuns em relação a outros países ou regiões;
coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os países participantes, com objetivo de assegurar condições adequadas de concorrência entre os quatro países e com o compromisso de que harmonizem suas legislações de modo a possibilitar o fortalecimento do processo de integração.
Na relação com outros países, os Estados devem coordenar suas políticas nacionais no sentido de elaborar normas comuns sobre a concorrência comercial e assegurar condições eqüitativas de comércio, ou seja, inibir, através de suas legislações importação de produtos cujos preços sejam subsidiados ou influenciados por qualquer prática desleal de comércio.
Dentre os instrumentos utilizados no processo de implantação do Mercosul temos:
um Programa de Liberação Comercial, que deverá considerar reduções tarifárias progressivas, de forma a se chegar a tarifa zero;
coordenação gradual das políticas macroeconômicas , que seguirá junto ao Programa de Liberação Comercial;
uma tarifa externa comum, para incentivar a competitividade externa dos países membros.
A adoção de acordos setoriais, de modo a otimizar os fatores de produção.

ESTRUTURA DO MERCOSUL

A estrutura do Mercosul está divida em dois órgãos:

Conselho do Mercado Comum: é o responsável pela condução política do processo de integração e pela toma de decisão para assegurar o cumprimento de todos os objetivos previstos no Tratado.
O Conselho será presidido através de um esquema de rotatividade, em ordem alfabética, entre os países membros, por um período de 06 meses. Será integrado pelos Ministros das relações exteriores e os ministros da Economia, que se reunirão quantas vezes se fizerem necessárias, ou, pelo menos, uma vez ao ano.
Grupo Mercado Comum: é o órgão executivo, coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores. Tem por objetivo zelar pelo cumprimento do tratado; tomas as providencias necessárias ao cumprimento das decisões do Conselho; propor medidas concretas à aplicação do programa de Liberação Comercial, à coordenação das políticas macroeconômicas e à negociação de acordos com outros países; e fixar programas de trabalho que assegurem o avanço do processo do Mercosul.
O Grupo Mercado Comum é integrado por quatro membros titulares e quatro alternados por país. Estes membros são representantes de alguns órgãos públicos, como o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Economia ou o seu equivalente e o Banco Central. Para divulgar suas atividades e guardar documentos, o Grupo conta ainda com uma Secretaria Administrativa com sede em Montevidéu.

PROGRAMA DE LIBERAÇÃO COMERCIAL

Inclui a totalidade dos produtos e bens na regra geral de redução tarifas alfandegárias. Este programa teve como base o acordo já existente entre Brasil e Argentina. Ele estabeleceu cronogramas de redução da tarifa alfandegária e da conseqüente preferência alfandegária até a esperada tarifa zero, sendo que, no caso de Paraguai e Uruguai esta data se estenderia até Dezembro/95.
Este programa admitia uma lista de exceções de produtos considerados “sensíveis” por cada país membro. Nesta lista constavam 394 produtos Argentinos; 324 do Brasil; 439 do Paraguai e 960 do Uruguai. Estes produtos estão sendo negociados caso a caso.

PRINCIPAIS SETORES PROTEGIDOS

BRASIL
ARGENTINA
URUGUAI
PARAGUAI

Máquinas
Açúcar e suas manufaturas
Carnes
Queijos, ovos e mel

Informática
Indústria têxtil
Pescados
Pescados

Artigos eletrônicos
Confecções
Mariscos
Carnes

Indústria automotiva
Vidro
Leite e derivados
Legumes

Frutas frescas
Metalurgia
Legumes
Hortaliças

Frutas em conservas
Máquinas
Hortaliças
Frutas frescas

Legumes
Artigos eletrônicos
Frutas frescas

Hortaliças
Indústria automotiva
Frutas em conservas
Frutas em conservas

Pescados
Ferramentas
Cereais, arroz e azeite
Cereais, arroz farinhas e azeite

Queijos
Celulose
Açúcar e derivados
Açúcar e derivados

Indústria têxtil
Papel
Vinho, cerveja e licores
Café, chá e erva mate

Vidro

Madeiras e Papel
Vinho e cerveja

Equipamentos

Indústria têxtil
Couro e derivados

Vidro

Confecções
Metalurgia

Vidro
Papel e impressos

Metalurgia
Madeira e moveis

Indústria automotiva

Máquinas

AS RELAÇÕES DO MERCOSUL

Mercosul e EUA

Os países que integram o Mercosul firmaram seu primeiro acordo com um parceiro de fora: os Estados Unidos. O chamado acordo “Quatro mais Um ” veio a consolidar as bases para o ingresso dos participantes do Mercosul na chamada Iniciativa para as Américas.
O acordo prevê a criação de um Conselho Consultivo sobre Comércio e Investimento, denominado simplesmente Conselho. O Conselho será composto por representantes de cada país, sendo que, quando reunidos nos EUA, a presidência do bloco dos países que integram o Mercosul será rotativa. Quando a reunião se der na América Latina, a presidência do bloco será dada ao próprio país que sediará a reunião.
O conselho deverá realizar consultas para, entre outros objetivos, promover a abertura de mercado entre os EUA e os países membros do Mercosul e acompanhar o desenvolvimento das relações de comércio e investimento, removendo quaisquer entraves.

2. O Mercosul e CEE

A Comunidade Econômica Européia e os países membros do Mercosul firmaram o Acordo de Cooperação Interinstitucional, visando criar um mecanismo de diálogo e de exploração das possibilidades de maior cooperação entre as partes, com base na experiência de integração dos países da Europa.
A cooperação entre os dois blocos econômicos poderá abranger um maior intercâmbio de informações, formação de pessoal, assistência técnica e apoio institucional. O objetivo principal da integração, tanto para a CEE quanto para o Mercosul, seria promover o progresso econômico e social dos países membros.
Com o objetivo de desenvolver e intensificar o diálogo Interinstitucional, foi instituído um Comitê Conjunto (CEE e Mercosul), composto por representantes dos dois blocos.

3. O Mercosul e o Nafta

A idéia do North American Free Trade Área – Nafta, assim como a da própria Área Hemisférica de Livre Comércio (AHLC), teve, origem no temor do protecionismo de uma Europa unificada. Integrado por EUA, Canadá e México, o Nafta constituí uma demonstração da tendência à regionalização do comércio no continente. O acordo determina a criação de uma zona de livre comércio entre os três países, englobando a livre circulação de bens, serviços e capitais, mas sem uma tarifa externa comum. Não se trata portanto de uma união aduaneira como na CEE e no Mercosul. O aspecto central do Nafta não é comércio de bens, e sim as questões relativas à liberação de investimentos e serviços.

CONCLUSÃO

As dimensões do comércio do Mercosul ainda são relativamente pequenas se comparadas ao comércio mundial. Em linhas gerais, a integração dos quatro países em torno do Mercosul deverá aumentar em um terço o potencial de mercado para o Brasil, cinco vezes para a Argentina, em 54 para o Uruguai e em 68 para o Paraguai.
De toda forma, dado o seu poder político ainda incipiente, o Mercosul poderá funcionar como primeiro passo de liberação comercial regional, visando a uma união ampla no futuro, que envolva países mais estabilizados e com maior poder político frente a economia mundial.

BIBLIOGRAFIA

JOHNSON, Paul – Tempos Modernos – RJ – Instituto Liberal, 1990
LUCCI, Elian Alabi – O Homem no Espaço Global – RJ – Editora Saraiva – 1ª Edição, 1997
SEITENFUS, Ricardo – Estudos Avançados – RJ – Fundação Getúlio Vargas, 1992
VÁRIOS – Relatório Econômico do Mercosul – Andima (Associação Nacional das instituições do Mercado Aberto) – RJ, 1994

Fonte: http://poucodetudo.com/2011/04/19/blocos-econmicos-mundiais/