3.7.12

Por prever paraíso no Brasil, português acabou enforcado


Escrito por Natália Pesciotta


O profeta Pedro de Rates Henequima acreditava que Adão era brasileiro.

Um Quinto Império mundial em Portugal, com mil anos de felicidade terrena, era o que previa no século 17 o padre Antônio Vieira. Pedro de Rates Henequim, também português, mas que viveu no Brasil no século seguinte, mudou o anúncio: o Quinto Império seria em algum lugar entre as serras do interior brasileiro. Dizia mais: aqui teria sido criado Adão, de quem descenderiam os índios. Esqueça a maçã. Eva fora expulsa do Éden por comer uma banana.

O profeta chegou em Minas Gerais aos 20 anos, em 1702. Voltou a Portugal 20 anos depois, para divulgar o seuTratado do Paraíso Restaurado. Fez sucesso nas ruas de Lisboa, mas, depois de fascinar muita gente, não demorou para chamar atenção também da Inquisição. “Herege”, julgou o Santo Ofício. Em 21 de junho de 1744, foi à forca em praça pública.

Enquanto os processos de heresia costumavam juntar cerca de 20 folhas, o de Henequim era um calhamaço de mil páginas. É que mais do que atentar contra a Bíblia, ele conspirava contra a Coroa. No seu entender, enquanto o Brasil estivesse sob domínio português, a profecia não seria possível.
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