9.8.12

O homem que sobreviveu a duas bombas atômicas

Marcel Verrumo



Em 9 de agosto de 1945, Tsutomu Yamaguchi teve a sorte que faltou a cerca de 70 mil japoneses. Três dias antes, ele já havia escapado do destino trágico que outros 100 mil tiveram. Em japonês, a expressão nijyuu hibakusha é usada para definir os sobreviventes de um dos ataques por bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Tsutomu Yamaguchi sobreviveu às duas.


Em Hiroshima, o primeiro ataque

Yamaguchi trabalhava em uma fábrica em Nagasaki e, em 1945, mudou-se para Hiroshima para fazer negócios. No dia 6 de agosto pela manhã, estava saindo da cidade com dois amigos quando percebeu que havia esquecido um objeto em seu escritório. Retornou. Com o objeto em mãos, estava retornando para a estação de metrô onde iria reencontrar os amigos quando, às 8h15, viu um clarão tomar conta de tudo. Estava a cerca de 3km de onde a bomba Little Boy caiu. Ele foi vítima de expansão de energia. Temporariamente, não enxergou nada, não ouviu nada e sentiu que estava com o lado esquerdo do corpo todo queimado. Mas ainda estava vivo.

Era preciso continuar e Yamaguchi foi buscar seus amigos, de que não havia tido notícias desde que os deixara na estação pela manhã. Eles também haviam sobrevivido. Com os amigos, resolveu passar a noite em um abrigo antes de, no dia seguinte, retornarem para se recuperarem melhor em Nagasaki.

Em Nagasaki, novamente atacado

Quando chegou à Nagasaki, no dia seguinte, ele começou a tratar de seus ferimentos. Dois dias depois, em 9 de agosto, decidiu voltar ao trabalho. Às 11h, pouco depois de retornar à fábrica, estava conversando com seu supervisor, contando o drama que havia passado em Hiroshima. De repente, novamente a 3 km de distância, outra bomba atômica explodiu. Era a Fat Man. Dessa vez, Yamaguchi não sofreu qualquer ferimento físico. Mas não escapou de um trauma psicológico que o deixou com febre por dias.

Acredita-se que outras 164 pessoas tenham sobrevivido aos dois ataques nucleares. Tsutomu Yamaguchi é um dos mais conhecidos, graças ao documentário Niju Hibaku, que narra sua história. O japonês faleceu em 2010, aos 93 anos de idade, vítima de câncer de estômago.


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