19.9.13

19 de setembro de 1982: Emoção e lágrimas marcam despedida de Sete Quedas

por: Lucyanne Mano

"Sete damas por mim passaram,
E todas sete me beijaram".
Alphonsus de Guimaraens







Apesar do tempo nublado e do frio intenso, inesperado nesta época do ano, calcula-se que 10 mil turistas – a maioria do Paraná Mato Grosso do Sul e do Paraguai – invadiram Guairá em automóveis e, principalmente, ônibus de turismo em seu último dia de visita. No dia anterior, a fila de espera era de até 4 horas para caminhar os dois quilômetros que separam a entrada do parque do Salto 14, o maior e mais bonito de todos.


Quem mais sofreu com a destruição foram os habitantes já acostumados com a presença das cachoeiras. Houve quem enrolado em um cobertor a distancia, aonde a vista ainda as alcançava, chorou.

Foi o velório das maravilhas naturais provocadas pelas quedas das águas do Rio Paraná num canyon estreito e profundo que as conduz, em alta velocidade, até o caudaloso rio da Prata.

Sete Quedas (também chamado Guaíra) era a maior cachoeira do rio Paraná, que desapareceu com a construção do lago da Usina hidrelétrica de Itaipu.
As cachoeiras Sete Quedas haviam sido formadas há 8 mil anos, estendiam-se por um cânion de 70 metros de largura e, em alguns pontos, possuíam 170 metros de profundidade. Sobre as gargantas de pedra, havia pontes para os visitantes.

Carlos Drummond de Andrade também manifestou sua inconformidade com a atrocidade humana. Seu poema de despedida ao Salto de Sete Quedas, patrimônio natural do Brasil e da humanidade, que deu lugar ao lago da hidrelétrica de Itaipu, reverberou país afora, deixando para a posteridade o sabor de saudade de algo que jamais verão.

Jornal do Brasil: 9 de setembro de 1982




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