18.11.13

18 de novembro de 1814: Morre Aleijadinho, o artista familiarizado com a dor



por: Lucyanne Mano


A vida de Aleijadinho sempre esteve à mercê de histórias contadas pelo povo. Embora muitos historiadores tenham se dedicado em resgatar passagens de sua biografia, ainda há incertezas e contradições. Unânime, contudo, é a importância de sua contribuição ao Barroco mineiro e o legado deixado para a história da cultura brasileira.


Antônio Francisco Lisboa nasceu em 29 de agosto de 1738, no arrabalde de Bom Sucesso, em Vila Rica, filho bastardo de uma escrava com o português Manuel Francisco Lisboa, que lhe deu alforria ao nascer, e mais tarde seria o seu grande incentivador na arquitetura e na escultura. Durante a infância frequenta um internato, onde dedica-se aos estudos. Já na adolescência , aprende o ofício de entalhar. O seu primeiro projeto é um desenho a sanguínea para o chafariz do pátio do Palácio dos Governadores, na Praça Tiradentes, em Ouro Preto feito em 1752.

Exímio detalhista, aproveita até as viagens para a evolução da sua linguagem artística. E continua a produzir suas obras empreendendo sua experiência como marceneiro, entalhador, escultor e, mais tarde, de arquiteto. Imagens sacras, chafarizes, altares, entre outras intervenções de características arquitetônicas.

No ano de 1768, Alista-se no Regimento da Infantaria dos Homens Pardos de Ouro Preto e pelos três anos seguintes presta serviço militar conciliando com intensa produção artística, de caráter religioso na sua maioria. O ritmo de atividades se mantém pela década seguinte até que por volta de 1777, começa a conviver com os primeiros sintomas de uma doença degenerativa (acredita-se que lepra), que evidencia a deformidade das extremidades de seu corpo, em particular as mãos, e coloca em risco até seus movimentos mais simples. É desta época que vem a alcunha Aleijadinho. Mesmo sob sofrimento físico continuado, a doença não o impede de seguir com seu trabalho. Ao contrário. Em nome da arte e cada vez mais requisitado, há sempre encomendas a providenciar. Os pedidos vem de toda parte: Ouro Preto, Congonhas, Mariana, Sabará, Tiradentes... em talha, projetos arquitetônicos, relevos e estatuária, e resultam numa contribuição ímpar e esplêndida ao barroco brasileiro num legado de mais de 400 obras, entre elas, a portada da Igreja do Santuário do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, MG, com 66 estátuas da via Crucis, em cedro-rosa, e 12 estátuas dos profetas, em pedra-sabão.

Em 1812, perde sua capacidade motora e passa a depender extremamente de cuidados de terceiros. Indigente e quase cego, transfere-se da casa em que morava para a casa da nora, onde permanece entrevado numa cama nos seus dois últimos anos de vida. Falece em 18 de novembro de 1814. Uns dizem que com 84 anos, embora conste 76 anos no seu registro de óbito.

Fonte: JBlog